Um Feliz Ano Real

Um Feliz Ano Real

Empatia tem sido uma palavra corriqueira, em alta, da moda. Há quem diga o contrário: que empatia já está “batida”, cansativo de ouvir. Provavelmente também são os menos empáticos.

Prefiro ver essa palavra figurar livros infantis, filmes, rodas de conversa, trabalhos escolares, reportagens e palestras, do que conviver com gente que não gosta dela.

Ao lado da empatia, há também palavras irmãs que vivem o mesmo problema: solidariedade, gentileza e gratidão. Muito usadas, mas com aplicabilidade duvidosa.

Se há uma insistência no uso por aí, é porque não há correspondência prática. É preciso mesmo bater tanto nessas teclas até que, por simbiose, compreendamos melhor o seu sentido e possamos incorporar em nosso modo de viver em sociedade.

Tenho sentido um frio na barriga quando penso no rumo que estamos seguindo. Miopia social, violência, desrespeito, MUITA, MUITA falta de empatia, gentileza, solidariedade e gratidão.

As pessoas têm ficado em suas bolhas, mesmo aglomeradas, o que é até pior. Estão juntas, mas no piloto automático das relações mediadas pelas telas e os conteúdos que adoecem, aprisionam e tiram o pé do chão da galera.

Tudo vira motivo para “cancelar” um ser humano, como se o seu erro fosse como um defeito de um produto ruim e descartável. Por um lado, tem gente gente impiedosa, espiando a vida alheia esperando um deslize público para julgar e condenar. Do outro, gente insegura, que vive em função da aprovação/like do outro.

Quando a gente diz “Feliz Ano Novo”, cada um idealiza o seu de uma forma. Mas a felicidade, lembre-se, está em instantes bobos. Em coisinhas gostosas que você experimentou na cozinha (que cozinhou ou pediu no delivery), no mergulho que deu no mar, na cachoeira, na piscininha de plástico, no seu chuveiro! Em um abraço mais demorado. Nas primeiras palavras do seu bebê. Quando leva ou busca seus filhos na escola. No dia que não ficou obcecado com o relógio. Que não colocou despertador. Que não sabia o que fazer com o ócio. Que resolveu fazer um desapego no seu armário. Que tirou a poeira da estante. Que deitou no sofá com o cachorro. Que voltou com o pão quentinho da padaria. Que ajudou alguém. Que lavou os cabelos. Que leu um livro… Por que nos esquecemos disso?

Eu te desejo um Feliz Ano Novo real, com acolhimento das suas dores, empatia com os limites do outro, gentileza consigo mesmo e solidariedade com o outro. E muita gratidão pela sua vida!

Estamos todos precisando de conexões de verdade. Mais amorosas e respeitosas. As transições existem exatamente para a gente deixar o velho e abrir espaço para o novo e melhor.

Que seu 2024 seja mais uma oportunidade de fazer isso: cuidar de você de uma maneira tão gentil, que tenha vontade de cuidar do outro com mesmo zelo. Não se esqueça não!

Texro de Nathália Simões
@nathaliasimoes

Please follow and like us:

Virgula Press

Portal de noticias com temas de entretenimento, cinema, cultura e arte. Tem uma pauta para enviar ? Nosso email: redacaovirgulapress@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *